Quando o apito final da Copa do Mundo de 1994 anunciou a vitória do Brasil, milhões choraram. Mas Mário Jorge Lobo Zagallo ficou de pé. Ele já havia visto o Brasil ganhar em 1958 e agora em 1994, tornando-se o único tetracampeão da história. Nascido em Atalaia, Alagoas, em 9 de agosto de 1931, Zagallo morreu aos 92 anos, carregando o futebol no coração.
Sua vida foi marcada por glórias e lutas. Jogou em 1958 e 1962, e foi técnico em 1970 e 1994. Suas conquistas moldaram a seleção brasileira. Ele mesmo marcou o gol da vitória contra a Suécia em 1958, ao lado de Pelé e Garrincha.
Como técnico, Zagallo repetiu o êxito em 1970 e 1994. Ele comandou 12 clubes, mas sua paixão era a seleção brasileira. Casado por 57 anos com Alcina de Castro, deixou quatro filhos, netos e bisnetos. Seu legado é as estratégias e títulos que criaram lendas.
Quem foi Mario Jorge Lobo Zagallo: o “Velho Lobo” do futebol
Mario Jorge Lobo Zagallo nasceu em Atalaia, Alagoas, em 9 de agosto de 1931. Zagallo cresceu em um ambiente simples. A família se mudou para o Rio de Janeiro, onde seu talento esportivo começou a se destacar.
As origens e a infância de Zagallo
Ele era filho de Haroldo Cardoso Zagallo e Maria Antonieta de Sousa Lobo. Seu apelido “Lobo” veio da mãe. Desde menino, mostrou habilidades em vários esportes.
- Jogou vôlei e tênis de mesa, conquistando títulos na categoria juvenil;
- No América Football Club, em 1949, ajudou a equipe a vencer o Campeonato de Amadores do Rio;
- Seu primeiro gol profissional veio aos 18 anos, marcando no Torneio Início do Carioca.
O início da paixão pelo futebol
A carreira começou no América FC, clube de coração. Em 1949, conquistou seu primeiro título profissional. Seu estilo versátil chamou atenção: atuou como meia-armador, combinando técnica e inteligência tática. Em 1952, assinou com o Flamengo, clube onde jogou 205 partidas, marcando 29 gols. Sua estatísticas no clube incluíam 128 vitórias em 205 jogos, refletindo sua dedicação desde o início.
A origem do apelido “Velho Lobo”
O apelido surgiu por duas razões: seu sobrenome materno “Lobo” e sua maturidade precoce.
“Ele enxergava o jogo antes de todos”, disse um jornalista da época.
O “Velho” não se referia à idade, mas à sabedoria estratégica. Mesmo jovem, sua capacidade de antecipar jogadas e liderar times já era notável. O apelido se consolidou na década de 1960, quando se destacou como técnico e estrategista.
Sua paixão pelo futebol, combinada com inteligência, moldaram a trajetória de um homem que transformou paixões em lendas.
A brilhante carreira de Zagallo como jogador
Mario Jorge Lobo Zagallo começou sua carreira no Flamengo em 1951. Ele ganhou três títulos cariocas seguidos (1953-1955). Seu talento e visão de jogo o tornaram essencial para o time.
Em 1958, Zagallo se juntou à Seleção Brasileira. Eles ganharam a Copa do Mundo na Suécia. A vitória, com um golo histórico contra a Suécia, fez seu nome brilhar. Em 1962, ele repetiu o feito, conquistando a segunda Copa do Mundo no Chile.
“Vocês vão ter que me engolir” – frase marcante, mas que sintetiza sua determinação desde os primeiros anos de glória.
- Tricampeonato Carioca (1953-1955) pelo Flamengo
- Bicampeão mundial como jogador (1958 e 1962)
- Dois títulos do Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964) pelo Botafogo
Sua carreira foi inovadora. Zagallo, como ponta-esquerda, ajudava na marcação. Isso era inédito na época. Apesar de ter altura média e ser franzino, sua inteligência e velocidade superavam os desafios físicos. Essas qualidades o fizeram se tornar um dos maiores nomes do futebol brasileiro.
Do campo para a beira do gramado: a transição para técnico
Após parar de jogar em 1966, o “Velho Lobo” não deixou o futebol. zagallo começou a trabalhar como técnico em categorias de base do Botafogo. Esse clube o fez famoso como de destaque. Em 1968, ele levou o carioca à Taça Brasil, mostrando seu talento.
Primeiros passos como treinador
Seu currículo como técnico é impressionante:
- Botafogo (4 vezes), com títulos como a Taça Brasil de 1968)
- Flamengo (3 vezes), Vasco da Gama e Fluminense
- Internacional (Al-Hilal, Arábia Saudita) e clubes como Bangu e Portuguesa
Estilo de jogo e filosofia de trabalho
A genialidade de brilhou ao treinar a em 1970. Com jogadores como Pelé, Gérson e Rivellino, ele criou estratégias que destacavam cada um. E o resultado? Uma Copa do Mundo perfeita no México, com 6 vitórias em 6 jogos, incluindo a final contra a Itália (4×1).
Seu legado como técnico é incrível. Como coordenador técnico em 1994, ajudou a seleção a ganhar a Copa pela quarta vez. Ele é o único a vencer a Copa como jogador e treinador. Sua filosofia é simples: “Futebol é arte com disciplina”. Essa visão marcou sua de seis décadas.
As quatro estrelas de Zagallo: o tetracampeonato único na história

O nome de Zagallo brilha como uma constelação no firmamento do futebol. Só ele carrega quatro estrelas da copa do mundo em três papéis distintos: jogador, técnico e coordenador. Suas conquistas são mais que números. Elas são capítulos de uma história escrita com paixão e estratégia.
Bicampeão como jogador (1958 e 1962)
Na Suécia-1958, Zagallo marcou um gol na final contra os donos da casa. Isso ajudou a seleção brasileira a vencer por 5 a 2. Quatro anos depois, em 1962, ele foi essencial na vitória sobre a Tchecoslovaquia, mesmo sem Pelé. Suas habilidades táticas e capacidade de sacrifício garantiram duas conquistas como atleta.
Campeão como técnico (1970)
Em 1970, como técnico de futebol, Zagallo transformou uma equipe talentosa em uma máquina de títulos. A copa do mundo do México marcou o primeiro tricampeonato do Brasil. A equipe venceu 6 jogos seguidos. A vitória por 4 a 1 sobre a Itália na final selou seu nome na história.
Coordenador técnico no tetra (1994)
No copa do mundo de 1994, Zagallo, agora coordenador, ajudou a seleção brasileira a conquistar o tetra. A vitória sobre a Itália nas penalidades marcou seu quarto título. Sua sabedoria foi crucial para o psicológico da equipe.
De 1958 a 1994, Zagallo provou que paixão e conhecimento podem criar lendas. Sua história com as conquistas da copa do mundo é inigualável. Ela é um legado que vai além de estatísticas — é uma história de paixão pelo futebol.
O legado do “Professor” para o futebol brasileiro e mundial
O nome Zagallo é sinônimo de excelência no futebol. Ele transformou a Seleção Brasileira em um ícone técnico e emocional. Seu legado como técnico de futebol é impressionante. Ele conquistou quatro títulos mundiais em três funções: jogador (1958 e 1962), técnico (1970) e coordenador técnico (1994).
- Sete participações em Copas do Mundo, com cinco finais disputadas;
- 75% de vitórias em confrontos decisivos;
- Inovações táticas que misturavam criatividade e disciplina tática;
- Reconhecimento internacional, como a Ordem de Mérito da FIFA (1992) e a lista da Soccer Magazine (2013).
Zagallo não parou em conquistas. Ele foi técnico de futebol em clubes como Corinthians, Palmeiras e até na Arábia Saudita. Ele exportou métodos que moldaram gerações de jogadores. Na Seleção Brasileira, sua estratégia de mesclar juventude e experiência em 1994 – com a vitória sobre a Itália nas penalidades – mostra sua capacidade de adaptação.
A história de Zagallo é de resistência. Mesmo em derrotas, como em 1998, ele manteve-se ícone de profissionalismo. Seu legado, agora eternizado em estátuas e homenagens da CBF, reforça seu papel como guardião da tradição e precursor de inovações. O “Velho Lobo” não apenas venceu Copas, mas ensinou ao mundo que o futebol é arte e estratégia unidas por disciplina.
Superstições e curiosidades: o número 13 e outras marcas registradas
O número 13 sempre foi um mistério para Zagallo. Ele acreditava que era um sinal divino. Isso começou em 1955, quando ele se casou em 13 de janeiro.
Sua fé foi reforçada pelas vitórias em campeonatos. Em 1958, ele ganhou com 5+8. Em 1994, foi 9+4. E em 1970, a vitória contra o México, com 6 letras, somou 7+0+6=13.
A obsessão pelo número 13
- 1958: Artilheiro Just Fontaine fez 13 gols; trio Pelé-Vavá-Mazzola marcou 13 gols
- 1970: Cinco meias em campo (Pelé, Tostão, Rivellino, Gérson e Jairzinho) sob seu comando
- 1994: Como coordenador, viu o tetra com 9+4=13
Frases icônicas do Velho Lobo
- “Vocês vão ter que me engolir!” – após classificação para final de 1998
- “Vamos lá, Brasil. Nós estamos juntos!” – grito de guerra em momentos decisivos
- “O futebol é arte e ciência” – frase que sintetiza sua filosofia
Momentos memoráveis
- 1959: Aceitou jogar no time de aspirantes do Botafogo para recuperar forma
- 1970: Uniu 5 “10s” em campo, criando o “Time Mágico”
- 2004: Comemorou o tetra da Copa América, repetindo a mágica de 1994
Zagallo deixou um legado maior que superstições. Sua carreira como jogador, técnico e coordenador mostrou que números e fé podem unir-se à genialidade. O número 13, seu “amuleto”, se tornou parte da lenda do único tetracampeão do mundo.
Homenagens e reconhecimentos a uma das maiores personalidades do esporte
Quando Mario Jorge Lobo Zagallo faleceu, o Brasil inteiro o homenageou. O governo federal decretou três dias de luto. Isso foi um reconhecimento à sua grande contribuição à seleção brasileira.
Suas conquistas moldaram a história do futebol. Elas vão desde as mais altas distinções esportivas até símbolos culturais.
“A história da Copa do Mundo não pode ser contada sem Zagallo”, declarou o presidente da FIFA. Essas palavras ressoam nas homenagens póstumas, como o Prêmio Zagallo. Ele foi criado pela CBF para premiar técnicos que seguem seu legado.
Entre as principais honrarias que Zagallo recebeu em vida estão:
- Ordem de Mérito da FIFA (1992), máxima distinção da entidade)
- Melhor Treinador do Mundo pela IFFHS (1997)
- Seleção no Time das Estrelas da Copa de 1962 e no Time do Século do Botafogo (2004)
- 8º ídolo histórico do Botafogo, segundo O Globo (2020)
O Botafogo celebrou seu centenário dedicando o “Dia do Botafuguense” a ele. Em 2024, o estádio Nilton Santos exibiu uma placa em sua memória. A seleção brasileira, orgulhosa de seu único tetracampeão, manteve sua imagem presente em eventos oficiais da CBF.
Seu nome permanece vivo em competições nacionais e internacionais. A FIFA inclui sua imagem em exposições históricas. Museus como o do Maracanã exibem documentos de sua passagem pela seleção brasileira.
Essas homenagens atestam que o “Velho Lobo” não só venceu Copas do Mundo. Ele construiu um legado que transcendeu gerações.
A despedida do Velho Lobo: como foi a morte de Zagallo aos 92 anos
Em 5 de janeiro de 2024, às 23h40, Mário Jorge Lobo Zagallo morreu aos 92 anos. Ele estava internado no Hospital Barra D’Or desde 26 de dezembro. Suas complicações de saúde levaram à falência múltipla de órgãos, após anos de tratamento.
A notícia chocou o Brasil. O nome zagallo sempre foi sinônimo de grandes conquistas no futebol. O governo federal decretou luto oficial de três dias em sua homenagem.
Seu corpo foi velado na CBF, onde milhares de pessoas prestaram homenagens. O enterro, no Cemitério de São João Batista, marcou o fim de uma era para o esporte.
A despedida reuniu ex-jogadores, dirigentes e fãs. Celebraram não apenas vitórias, mas a dedicação de Zagallo ao futebol. Seu legado, com 135 jogos à frente da seleção e quatro títulos mundiais, é inigualável.
Zagallo conquistou títulos em todas as funções: jogador, técnico e coordenador. Sua morte reacendeu debates sobre sua influência. O “Velho Lobo” partiu, mas sua história continua viva nas quatro estrelas da Copa do Mundo e no coração dos torcedores.