A trajetória de Ronan Tito de Almeida é um testemunho vivo da história política recente do Brasil.
Nascido em Pratinha, Minas Gerais, em 22 de agosto de 1931, ele construiu uma carreira notável que se estendeu por décadas, marcada pela defesa dos valores democráticos e pelo compromisso com o desenvolvimento econômico e social.
Sua jornada, que o levou de trabalhos humildes aos corredores do poder em Brasília, é um exemplo inspirador de dedicação e perseverança. Ao longo de anos de serviço público, ele deixou um legado significativo tanto no setor empresarial quanto na política brasileira.
Faleceu em 10 de abril de 2025, aos 93 anos, mas sua memória permanece como um símbolo da contribuição para a construção do Brasil democrático pós-ditadura militar.
A trajetória de vida de Ronan Tito de Almeida

A trajetória de Ronan Tito de Almeida começou com experiências modestas que moldaram sua visão de mundo. Ele trabalhou como cobrador de ônibus e motorista de caminhão, o que lhe proporcionou contato direto com diferentes realidades sociais.
Além disso, Ronan Tito de Almeida atuou como comerciário e valete no Grande Hotel de Araxá, onde aprimorou suas habilidades de relacionamento interpessoal. Sua versatilidade profissional o levou a ser comerciante, caminhoneiro e fazendeiro antes de se consolidar como empresário bem-sucedido.
Um marco importante em sua trajetória foi sua participação no conselho curador da Universidade Federal de Uberlândia em 1970, função que exerceu por três anos. Essa experiência demonstrou seu compromisso com a educação superior e o desenvolvimento regional.
Essas diversas experiências formaram a base de sua compreensão sobre os desafios enfrentados por diferentes setores da sociedade brasileira, preparando-o para futuras lideranças.
Carreira empresarial e liderança no setor produtivo
Entre 1970 e 1972, Ronan Tito ocupou a vice-presidência da Federação das Indústrias de Minas Gerais, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento industrial do estado.
Nesta posição, ele trabalhou para fortalecer o setor industrial mineiro, defendendo políticas de incentivo à produção e ao desenvolvimento tecnológico. Sua atuação foi marcada pela busca de diálogo entre o setor produtivo e as instâncias governamentais, mesmo durante o regime militar.
Em 1972, seu último ano como vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Ronan Tito filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Esta transição demonstra sua convicção na necessidade de mudanças no cenário político brasileiro.
Sua liderança empresarial e subsequente engajamento político refletem sua dedicação ao desenvolvimento de Minas Gerais e ao fortalecimento da democracia no Brasil.
Entrada na política e atuação como deputado federal
Em novembro de 1978, Ronan Tito de Almeida conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados, marcando o início de sua jornada no Legislativo federal. Em fevereiro de 1979, ele iniciou seu mandato como deputado federal, integrando-se à Comissão de Ciência e Tecnologia.
Durante seu primeiro mandato, Ronan Tito de Almeida participou de diversas CPIs, incluindo a que investigou a situação do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Sua atuação foi reconhecida pelo eleitorado mineiro, que o reconduziu à Câmara nas eleições de 1982.
No segundo mandato, Ronan Tito de Almeida licenciou-se para assumir a Secretaria Estadual de Trabalho e Ação Social nos governos de Tancredo Neves e Hélio Garcia. À frente dessa secretaria, ele implementou importantes programas de assistência social em comunidades carentes.
A atuação de Ronan Tito de Almeida como deputado federal e secretário estadual demonstrou sua preocupação com as questões sociais e seu compromisso com o trabalho ação social.
Ronan Tito de Almeida no Senado Federal
No Senado Federal, Ronan Tito de Almeida desempenhou um papel crucial na manutenção da unidade do PMDB.
Com a saída de Fernando Henrique Cardoso do PMDB para fundar o PSDB, Ronan Tito de Almeida assumiu a liderança da bancada peemedebista no Senado Federal. Esse momento foi marcado por uma grande fragmentação política, com diversas lideranças deixando a legenda.
Como líder do PMDB no Senado, buscou manter a unidade do partido, defendendo uma postura de diálogo com o governo do presidente José Sarney, sem abrir mão da independência e dos princípios do partido.
A bancada peemedebista do Senado chegou a defender seu nome para a vice-presidência nacional do partido, demonstrando o reconhecimento de sua liderança.
- Após a saída de Fernando Henrique Cardoso do PMDB, Ronan Tito de Almeida assumiu a liderança da bancada peemedebista no Senado Federal.
- Como líder do PMDB no Senado, buscou manter a unidade do partido em um momento de fragmentação política.
- Sua liderança foi reconhecida a ponto de a bancada peemedebista do Senado defender seu nome para a vice-presidência nacional do partido.
No entanto, apesar do apoio dos senadores, não conseguiu a vice-presidência do PMDB, que ficou com Íris Resende, concorrendo na chapa de Orestes Quércia nas eleições presidenciais de 1989.
Contribuições legislativas e legado político
Ronan Tito de Almeida deixou um legado duradouro na política brasileira através de suas contribuições legislativas. Como coordenador e co-autor do Código de Defesa do Contribuinte, ele buscou equilibrar a relação entre o Estado e os cidadãos no âmbito tributário.
- Trabalhou para garantir que estados e municípios recebessem royalties pela exploração de recursos minerais e pela geração de energia elétrica em seus territórios.
- Sua atuação foi particularmente importante para o estado de Minas Gerais, rico em recursos minerais, garantindo uma compensação financeira justa.
- Entre 1993 e 1995, presidiu a Fundação Ulysses Guimarães, instituição dedicada à formação política e ao fortalecimento da democracia.
Durante anos de serviço, Ronan Tito de Almeida demonstrou seu compromisso com a educação política e os valores democráticos. Sua contribuição para a legislação brasileira permanece relevante, refletindo seu impacto duradouro na política nacional.
Posicionamentos políticos e ideológicos
A trajetória política de Ronan Tito de Almeida foi marcada por sua participação nos debates da Assembleia Constituinte. Como senador constituinte, ele propôs emendas significativas ao texto constitucional.
Uma de suas propostas mais notáveis foi a emenda que estabeleceu a revisão constitucional após cinco anos de vigência da nova Carta, aprovada e implementada em 1993. Sua experiência como membro do conselho curador da Universidade Federal de Uberlândia possivelmente influenciou sua visão sobre a necessidade de revisão e aperfeiçoamento das instituições.
Ele também sugeriu a exclusão do conceito de “direito adquirido” da Constituição, uma proposta que, embora rejeitada, reflete sua preocupação com a eficácia e adaptabilidade do texto constitucional.
Vida pessoal e falecimento
A vida pessoal de Ronan Tito de Almeida foi marcada por uma estável relação familiar. Ele foi casado com Laís de Almeida, com quem teve dois filhos.
Ronan Tito de Almeida faleceu em 10 de abril de 2025, aos 93 anos, em Belo Horizonte, após enfrentar problemas de saúde em estágio avançado. Sua morte gerou manifestações de pesar de diversas entidades e personalidades políticas.
Ele deixa a esposa, Laís de Almeida, e os dois filhos. Sua contribuição para a democracia brasileira e para o desenvolvimento de Minas Gerais foi reconhecida por muitos.
O legado de Ronan Tito para a política brasileira
Ronan Tito de Almeida é lembrado por sua coerência e compromisso com os valores democráticos. Sua trajetória política, iniciada no MDB durante a ditadura militar e consolidada no PMDB durante a redemocratização, simboliza a resistência democrática e a transição para um Brasil mais livre.
Como deputado federal e senador, Ronan Tito deixou contribuições legislativas significativas. Sua atuação no governo de Minas Gerais, incluindo sua passagem pelo governo Tancredo Neves, demonstra seu compromisso com o bem-estar social.
- Legado que transcende os cargos ocupados, representando um exemplo de vida pública dedicada ao bem comum.
- Contribuições notáveis, como o Estatuto da Criança e do Adolescente.
- Atuação como presidente da Fundação Ulysses Guimarães, fortalecendo instituições democráticas.
De Pratinha a Belo Horizonte e Brasília, Ronan Tito de Almeida deixa um exemplo inspirador para novas gerações de políticos mineiros e brasileiros.