O Brasil perdeu um de seus maiores tesouros do humor em 1995, com a partida de Lírio Mário da Costa, mais conhecido como Costinha, um humorista e ator que encantou gerações.
Nascido em 25 de março de 1923, no Rio de Janeiro, Costinha veio de uma família com raízes artísticas, o que influenciou sua trajetória.
Com uma carreira que atravessou cinco décadas, ele se destacou na televisão, no cinema, no teatro e no rádio, deixando uma marca indelével no humor brasileiro.
Sua habilidade em transformar o cotidiano em momentos de alegria, com seu timing perfeito e expressividade, o tornou um verdadeiro palhaço no sentido mais nobre da palavra.
A Trajetória de Vida de Costinha

Costinha, cujo nome verdadeiro era Lírio Mário da Costa, teve uma infância marcada pelo circo e pelo humor. Nascido em 25 de março de 1923, no bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro, sua vida foi influenciada desde cedo pelo mundo artístico.
Origens e Infância em Vila Isabel
Lírio Mário da Costa nasceu em uma época em que o Rio de Janeiro ainda era a capital federal do Brasil. Seu pai, conhecido como Bocó, era palhaço de circo, uma profissão que teria um impacto profundo na trajetória de Costinha.
A infância de Costinha foi relativamente estável até os treze anos, quando seu pai abandonou a família. Esse evento marcou um ponto de inflexão, forçando o jovem Lírio Mário a deixar temporariamente seus sonhos artísticos para ajudar no sustento da casa.
Família e Vida Pessoal
Para sobreviver, Costinha trabalhou em diversas profissões: foi contínuo, garçom de botequim, engraxate e até apontador de jogo do bicho. Essas experiências mais tarde enriqueceriam seus personagens com tipos urbanos autênticos.
Na vida pessoal, Costinha construiu uma família numerosa ao lado de Irany Pereira da Costa. Juntos, tiveram quatro filhos biológicos e adotaram outros três: Vitor Alexandre, Amor Carla e Fernanda Lara. Um fato curioso é que Costinha só conheceria seu pai novamente na idade adulta, quando este se encontrava em um asilo, um reencontro que certamente teve um impacto emocional significativo em sua vida.
“A vida de Costinha é um exemplo de como a adversidade pode ser superada com determinação e talento.”
Costinha: Uma Carreira Brilhante no Humor Brasileiro
Desde seus primeiros passos na Rádio Tamoio, Costinha demonstrou um talento nato para a comédia, o que o tornou um ícone do entretenimento brasileiro. Em 1942, ele começou sua jornada artística como faxineiro na Rádio Tamoio, uma época em que o rádio era o principal veículo de comunicação e entretenimento no Brasil.
Os Primeiros Passos na Rádio
Costinha iniciou sua carreira no meio artístico de forma humilde, mas sua dedicação e talento natural para a comédia logo o levaram a se tornar radioator em importantes programas da época. Ele participou de programas populares como “Cadeira de Barbeiro” e “Recruta 23,” além da primeira versão radiofônica da “Escolinha do Professor Raimundo.” Seu sucesso no rádio abriu portas para que integrasse o elenco de grandes emissoras como a Record e a Mayrink Veiga.
Sucesso na Televisão e Cinema
A carreira de Costinha na televisão foi igualmente notável. Ele participou de programas marcantes como “Apertura” (Rede Tupi), “Aperte o Cinto” e “Domingo de Graça” (Rede Manchete), “Costinha em 3 atos e 1/2” (SBT), além de “Planeta dos Homens,” “Os Trapalhões” e “Chico Anysio Show” (Rede Globo). No cinema, sua participação foi intensa desde os anos 1950, com sua primeira atuação no filme “Anjo do Lodo” de Luiz de Barros, seguido por dezenas de participações em chanchadas e comédias.
Teatro e Shows ao Vivo
No teatro, Costinha brilhou especialmente no Teatro de Revista, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro. Ele levou seu humor característico para os palcos, estabelecendo uma conexão direta com o público através de shows ao vivo. Sua capacidade de fazer o público rir e se divertir foi fundamental para seu sucesso duradouro no meio artístico.
Ao longo de sua carreira, Costinha consolidou-se como um dos principais nomes do humor brasileiro, deixando um legado que continua a ser lembrado e celebrado. Sua contribuição para o entretenimento no Brasil foi vasta e variada, abrangendo rádio, televisão, cinema e teatro.
Os Personagens e Trabalhos Memoráveis
Ao longo de sua trajetória, Costinha interpretou uma variedade de personagens que encantaram o público brasileiro. Sua capacidade de criar e dar vida a esses personagens foi fundamental para seu sucesso duradouro na comédia nacional.
Seu Mazarito na Escolinha do Professor Raimundo
Um dos personagens mais memoráveis de Costinha foi “Seu Mazarito” na Escolinha do Professor Raimundo, papel que interpretou de 1990 a 1995. Esse personagem foi uma homenagem a dois grandes nomes da comédia brasileira: Mazzaropi e Oscarito. Na Escolinha, Seu Mazarito se destacava por suas piadas de duplo sentido e por sua caracterização única, conquistando o público com seu jeito peculiar.
Discografia e “O Peru da Festa”
Além da televisão, Costinha deixou um legado importante na discografia humorística brasileira. Ele gravou vários discos de piadas que fizeram enorme sucesso, especialmente a série “O Peru da Festa“. Essa série foi composta por cinco LPs lançados pela gravadora CID, todos com a tarja “Proibida a execução pública e a venda para menores de 21 anos”, devido ao conteúdo adulto das piadas e às capas sugestivas.
Curiosamente, uma das piadas contadas por Costinha na faixa 9 do volume 2 da série, intitulada “A Maria e o Português”, serviu de inspiração para os Mamonas Assassinas na composição da música “Vira-Vira”.
Participações no Cinema Brasileiro
No cinema brasileiro, Costinha participou de dezenas de filmes, desde chanchadas até comédias mais elaboradas. Ele interpretou desde personagens secundários até protagonistas em produções como “O Libertino”, “Costinha o Rei da Selva” e “As Aventuras de Robinson Crusoé”. Sua presença no cinema contribuiu significativamente para a riqueza da comédia nacional.
Esses trabalhos memoráveis de Costinha não apenas refletem seu talento versátil como também seu impacto duradouro na cultura popular brasileira.
O Legado Eterno do Palhaço que Fez o Brasil Sorrir
O legado de Costinha permanece vivo na memória dos brasileiros. Mesmo após sua morte em setembro de 1995, seu humor continua a inspirar novas gerações.
Costinha faleceu em 15 de setembro de 1995, aos 72 anos, vítima de enfisema pulmonar, deixando atrás de si uma carreira de mais de cinco décadas dedicada ao humor brasileiro. Seu corpo foi sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, em uma cerimônia que reuniu familiares, amigos e fãs.
A influência do humorista ainda é celebrada hoje. Em 2019, a TV Globo exibiu um especial em homenagem a Costinha, reunindo diversos artistas que reconheceram sua importância para o humor brasileiro. Essa homenagem ressaltou seu legado e a memória duradoura deste querido comediante.
O legado de Costinha é um testemunho de seu talento e dedicação ao seu ofício. Suas contribuições para o entretenimento brasileiro continuam a inspirar novas gerações, garantindo que sua memória permaneça vibrante e querida.